Etapa 4 - Cizur - Puente de la Reina

Saimos ligeiro hoje , eu e a patota brasiliera para subir o alto do Perdon, que de tanto nos assustarem , estavamos preocupados. Esta etapa tem19 kms e la fomos nos.

O começo da trilha para o alto del Perdón, lá atrás, em cima na montanha

Cada um subindo no seu ritmo, uma hora todos se separam, é impressionante.. e ai vem a hora de refletir sobre tudo.

No alto del Perdón

Quando Paco disse sobre desprendimento, entendi perfeitamente, pois parecia que minha mochila tinha 5 quilos a mais...Já estou pensando em despachar alguma coisa para Santiago, hoje vou decidir. A subida atè o alto del perdon foi tranquila, pois esta ainda para vir alguma subida com que tive nos Pirineus. A descida foi bem alardeada pelo Sr. Paco também pois devido as pedras soltas havia o risco de escorregoes, e qualquer escorregao agora com certeza reulta em danos musculares. Minhas pernas estao doloridissimas. a descida foi muito tranquila, e ao chegar là em baixo encontrei o Paulista Bruno esperando a todos. Disse que demorariam e seguimos viagem. Tirei uma foto muito animadora..rsrs

Ainda falta um pouco...

Quando vi esta placa, me lembrei da msg do meu Pai.. " vá devagar..." Pode deixar estou indo.. bem devagar e num ritmo muito bom...
Pelo caminho como jà disse existem varias opcoes de frutas e estava esperando para passar por vieiras, comi muitas uvas hoje e matei saudade...

Um bom lanche...

Desviamos da rota em 2 kms para visitarmos uma Igreja Cosntruida pelos Templarios datada do seculo XII, a Igreja de Euantes, nao nos arrependemos, muito simples mas com uma construcao magnifica, que segue o desenho de Jerusalem. Eunates significa Mil portas em euskera,

Igreja de Eunates

Chegamos em Puente de la Reina as 14 hs de hoje, dia 19, e nos hospedamos num albergue dos padres reparadores. Atè agora nao fui repreendido por nenhum..
Amanha outra etapa.. fiquem tranquilos, estou indo o que meu corpo aguenta...

" Si buscas la verdad y haces de tu camino una vida y de tu vida un camino, en busca de quien es el camino, la verdad y la vida"

" Caminante , son tus huellas el camino, y nada más, caminante, no hay camino, se hace camino al andar.
Al andar se hace camino, y, al volver la vista atrás, se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar. Caminante no hay camino, si no estelas en la mar. " Romance de Antonio Machado

Etapa 3 - Larrasoaña - Cizur Menor

Este trecho com 20,7 kms, è considerado facil, pois nao tem muitas subidas nem descidas . Acordei bem cedo, como sempre, e apòs o cafe habitual fui até a estrada para entrar na trilha .
A trilha foi bem agradavel com um rio, de nome Arga, que nos persegue até Trinidad del Arre, estando sempre encoberto por arvores pela trilha.

Ao Sair de Larrasoaña saì da Trilha para visitar uma Linda Igreja de Santo Esteban, Sèc. XIII, sendo recebdiso por uma simpatica Sra. que selou meu passaporte e disse que haviam muitos brasileiros fazendo o caminho.

Altar Igreja Santo Esteban

Muralhas Medievais de Pamplona

Chegamos em Pamplona apòs 5 horas de caminhada, meus pés nao aguentavam mais, e tive que comprar o tal do Radio Salil, um potente antiflamatorio que me fez aliviar em muito meus pes e panturrilhas. A cidade è muito linda pois ainda conserva seu espirito medieval , com seus altos muros de entrada na cidade. Passei pelas Ruas onde , na Festa de San Fermim, soltam os touros enloquecidos.
Cizur, è um pequeno bairro em Pamplona, 4 kms apòs. Consegui chegar apos muito esforco pois nunca andei como estou ate agora. É natural. Vendo os outros ate estou bem....

Paco, eu e Mari no cafe da manha

 Nos hospedamos num albergue municipal da ordem de Malta, administrado por Paco e Maria, eles sao voluntarios do albergue e trataram a todos como proprios filhos. Uma mensagem nos passou sobre a etapa seguinte. A subida do alto do Perdon è uma etapa de desprendimento, onde veras o que é necessario ou nao levar consigo...
Amanha veremos....

Etapa 2 - Roncesvalles - Larrasoaña

Dormi com algumas dores musculares principalmente na panturrilha, que è o que mais se sacrifica na descida. Fomos avisados que as 6:00 hs as luzes se acenderiam, entáo resolvi dormir cedo. Como pensei que ninguem iria roncar do meu lado, náo peguei meu tampoes de ouvido.. fazer o que né!? .. conhecem a lei de Gerson?... Foi eu deitar e o paranaense, que esta andando com a gente, comecou a sinfonia. Tive que sair da minha beliche ( parte de cima) e descer para pegar os tampoes. ai consegui dormir.Este albergue municipal que fiquei aqui em Roncesvalles era o dormitòrio dos antigos templàrios,  que tinham a missao de, aqui no caminho, proteger os peregrinos dos mouros. O lugar e maravilhoso todo de pedra e com 120 camas, o que ficou lotado de peregrinos.

Albergue Roncesvalles

Saimos ainda noite, com lanterna pelo caminho.. fiquei meio receoso de nos perdemos porem tinha um japa com uma super potente lanterna na nossa frente que me deixou tranquilo.Náo tomei cafe em Roncesvalles pois só abria as 8:30 hs, e decidi tomar em Burgette, onde dizem tem os melhores paes da Espanha, comi um Croissant com manteiga maravilhoosooo!!! Ainda estava quentinho e com cafe com leite desceu uma maravilha.

Meu cafè..

De estomago forrado fui passando as cidades, primieor Espinal, depois em el alto del Erro a subida muito chata, porem a descida pior com varias pedras soltas e com a chuva foi uma experiencia meio desagadavel, pois tinha sempre a sensacao de escorregar. Chegamos a Zuribi,e resovemos todos eu, Hector, Haroldo( O parananense) e Bruno, comer o que haviamos comprado , pao , chorizzo e quiejo de ovelha. Descansei muito nesta hora meus pes estavam pedindo socorro pois haviamos andado ate entáo

Pelo Caminho eu e Hector, o colombiano, fomos colhendo amoras e cirruela ate Larrasoaña e resolvemos comer-las a noite como sobremesa!! Sò aqui mesmo!!!

Quando chegamos em Larrasoana só haviam duas camas sobrando e ficamos aliviados e super felizes, pois senao teriamos que voltar ate Zuribi, ou seja jà haviamos andado 25 kms e tinhamos que andar nmais 4,6kms de volta..
Conhecemos uns italianos aqui no albergue e fizeram uma pasta italiana e o cozinheiro deles(rs) disse que se comprassemos farinha faria um macarráo em Cizur Menor, uma receita de sua Mama !!!
É isso ai .. amanhá irei ate Cizur Menor ..mais 21 kms !!!
Ultreia ( Esta expressao significa força ( achei o cecidilha!!!!!!!) e motivaáo para continuar em frente !!

Etapa 1 - San Jean Pied de Port - Roncesvalles

Dormi com a intencao de parar no meio do caminho e no dia seguinte continuar, pois este trajeto è o mais duro de todos, pois è a travessia dos Pirineus Franceses saindo de 200 para 1400 metros de altitude em 26 quilometros .....Dormi bem , por incrivel que pareca ( náo sei onde tem o cecidilha neste teclado ) nao tinha roncos!!! Viva!!! acordei com as pessoas se arrumando, isso eram as 5:30hs.

Tomei cafe com todos os peregrinos e todos me incentivaram a fazer o trajeto completo.. mas ainda estava com a cautela de inicio. E firmei que se náo conseguisse faria o meu proposto, dormir em Hunto ou em Orisson. Saimos todos para caminhar, a subida è forte porem com algumas retas, o que ameniza. Quando chegamos á Hunto ainda estava muito bem e decidi continuar atè Orisson. Là aconteceu a mesma coisa, estava bem e percebi que podia continuar, haviam passado apenas 6 kms e deveria ter a disposicáo, se decido, de completar os 20kms restantes.

Hector, Eu , Bruno e Haroldo no alto, depois de muitas subidas

Lá em cima nos Pirineus

A travessia è maravilhosa, muito bonita, com paisagens de tirar o ar, e com a companhia do Hector o colombiano e do Bruno, o brasileiro que conheci no aeroporto, foi facil, completar a subida. Quando chegamos a 1400 metros era a hora de descer, porem a descida tinha aproximadamente 6 kms e foi, para mim e para todos, a pior parte. Muito desgastante porem no meio do bosque , que parece tirado do filme de Robin Hood.

Descida no Bosque de Roncesvalles

Chegamos esgotados a Roncesvalles, porem sem muitas dores musculares.Comemos o Menu do peregrino, que foi de primeira macarrao, depois truta com batatas e iogurte de sobremesa, com vinho e pao liberados.
Acabei de voltar da missa dos peregrino que acontece na Igrja de Roncesvalles. Foi muito emocionante, tanto pela arquitetura gòtica e imponente como pela pròpria missa que tem canto gregoriano e a bencao para os peregrinos.
Estou maravilhado com tudo !!!
Náo me arrependi de ter completado todo o caminho!!!

Chegada em San Jean Pied de Port

Cheguei bem e todo o planejado foi concluìdo com sucesso. chegeui bem em e tive que corre dentro do aeroport IMENSO para pegar o voö para Pamplona, por sorte minha o aviao atrasou 1 hora e fiquei tranquilo para comer um bocadillo e um suceo antes de viaja no Teco-teco ( rs). Como havia combinado apenas ás 15:30 com a Carloine ( dona de uma empresa de transporte de peregrino atè San Jean, tirei uma soneca no aeroporto pois apesar do lugar privilegiado náo preguei o sono. No aeroporto de Pamplona vi um cara meio perdido, olhando pros lados torto, e vi que tinha uma camisa igual a minha: Era um peregrino e Brasileiro. ele è de Sáo Paulo e estava para fazer o caminho. Ela chegou ás 16:00hs e me levou direto atè San Jean.. que è maravilhosa, muito linda mesmo..

Rua da Citadelle  -  San Jean Pied de Port

Uma cidade toda com muralhas a sua volta com casas super chramosas. Encontri facil a oficina do peregrino e pegeui todas as informañóes que podia. Dormi no albergue municipal por 8 euros. Conjeci dois ciclistas Holandeses, um deles me contou prque estava fazendo o caminho, simplesmente porque por 25 anos estava comsequelas no corpos por um acidente de carro. E se recuperou durante este tempo, era uma forma de agradecimento pela recuperacao.

Pronto para sair - San Jean Pied de Port

Havia tambèm dois koresanos , uma familia de holandeses, um colombiano e uma brasiliera, Dalva, que estava indo para Lourdes. Sai para comer e como os Franceses sao cheios de merda... sabem ingles e fazem questao de náo falar, mas pelo menos consegui comer uma boa comida..

Náo estou conseguindo colocar fotos neste computador .. assim que conseguir  as coloco.

Ultreia !!!

O Caminho

"O mestre Don Juan, manda Carlos Castanheda ir ter com um feiticeiro que tem a capacidade de transformar a percepção de qualquer criatura. O feiticeiro permite que Castanheda se sinta exatamente como uma minhoca.

E o que é que ele sente?

Uma enorme alegria e poder.

Em vez de ser a criatura minúscula e cega que uma minhoca parece aos olhos humanos, Castanheda sentiu-se como um bulldozer a empurrar para o lado cada grão de terra como se fosse um rochedo: era poderoso e forte.

Em vez de dar a sensação de um trabalho servil, a escavação da minhoca era causa de exaltação, a exaltação de alguém que podia deslocar montanhas com o seu corpo.

O caminho tem esta mesma capacidade do feiticeiro.

Reduz-nos ao tamanho de uma pequena formiga na face da Terra. Com a perspectiva longínqua e magnífica da grande montanha que temos pela frente ou a longa planicie com o vento contra.

Carregando apenas o essencial para nos mantermos vivos, (água e comida) e confortáveis, (muda de roupa e saco cama).

O peregrino, quão pequeno ser, face ao Todo, adota a visão da formiga que forte se sente capaz de carregar dez vezes mais que o seu peso e qual mau tempo, sol escaldante ou dores, enfrenta a montanha corajosamente.

E esta coragem ( que surge no caminho, como que uma dádiva), só se dá e só acontece a quem se disponibiliza (para) a percorrer o caminho.

E o caminho não é um percurso para fazer de btt, a curtir as paisagens, as curvas e as descidas perigosas.

O caminho transcende todo esse percurso fisico (coincidindo com ele geograficamente, sinalizado pelos montículos de pedras deixados para marcar o caminho).

O caminho não são as pedras gastas do chão, calcorreadas pelos peregrinos ao longo de dez séculos. Não são as árvores que deram sombra aos primeiros peregrinos corajosos que seguiam as estrelas ( caminho das estrelas como é apelidado) e que ainda nos acolhem do sol escaldante.

O caminho está para além dessa realidade táctil, numa dimensão que só se atinge quem se disponibiliza – de alma e coração – a caminhar nesse sentido e a essa altura, a esse nível.

Está muito acima do empurrar os pedais para subir a montanha.

Trata-se de um caminho espiritual que acontece dentro de cada peregrino e que uma vez escolhido percorrer, nos eleva à condição da formiga, que fortíssima consegue mover dez vezes o seu peso."

O Caminho - Dez. 6, 2008
Texto de Lúcia F. B. Franco

Peregrinos

Peregrinar é um ritual comum à imensa maioria das religiões. Uma jornada empreendida, por motivos religiosos, a um lugar considerado de algum modo sagrado ou milagroso. Dá-se o nome de “peregrino” ou de “romeiro” a todo aquele que toma parte numa viagem dessa natureza, no entanto passou-se a denominar, ao longo da história, que “peregrino” é o que vai a Santiago de Compostela, “palmeiros” os que vão a Terra Santa e “romeiros” os que vão a Roma.

Ao longo de toda a história, o Cristianismo foi marcado por algumas importantes peregrinações, a de Abraão buscando o que Deus havia lhe anunciado, a do povo de Israel, que peregrinou por quarenta anos pelo deserto para fugir da escravidão imposta pelos faraós do Egito e até mesmo de Jesus, que peregrinou de Nazaré ao rio Jordão, onde foi batizado (Mc 1,9) e da Galileia a Jerusalém, onde sofreu a paixão e foi crucificado (Lc 9, 51).

O desenvolvimento do caminho de Santiago se deu quando a Europa viu sua identidade e cultura ameaçadas pelo avanço dos muçulmanos. A peregrinação ao recém descoberto túmulo do primeiro Peregrino cristão do Ocidente foi a forma encontrada pelos europeus de reafirmarem sua fé.

Caminhos na Europa para Santiago de Compostela

Com todo esse movimento vindo de vários pontos da europa foi se estabelecendo a necessidade de uma infra-estrutura para atender e dar proteção aos peregrinos, sendo instalados os primeiros locais de hospedagens gratuita nos principais mosteiros, criando-se hospitais e cemitérios, erguendo-se pontes, construindo-se igrejas, instalando-se mosteiros e abadias e, o mais importante, fundando-se uma infinidade de núcleos de povoação ao longo da rota.

Com o aumento no número de peregrinos, junto com os fiéis vieram também ladrões, salteadores de estradas e todos os tipos que, com sua esperteza, abusavam da boa fé dos andarilhos. Nessa oportunidade para manter a segurança do caminho, criou-se em 1170 a “Ordem dos Cavaleiros de Santiago”, cavaleiros encarregados da vigilância da rota através da Espanha. A “Ordem dos Templários”, um pouco mais antiga, e com a mesma finalidade de proteger os lugares santos, veio também mais tarde proteger o Caminho.

Castelo Templário de Ponferrada

Desde então, multidões de peregrinos anônimos vêm percorrendo este caminho mágico, o único no mundo que não se formou por motivos comerciais. Vários daqueles que deixaram o nome na história, como Carlos Magno, El Cid, São Francisco de Assis, Fernão de Aragão e Isabel de Castela, também percorreram o caminho.

Os peregrinos são pessoas que estão sempre em movimento, passando por territórios alheios em busca de uma interação, clareza, um destino para o próprio espírito, para que este possa apontar o melhor.

Breve Missiva de um Peregrino

Sou um peregrino

não tenho nada

e nunca tive

nada trago

nada levo

além da certeza

que não sou nada

além da esperança

de ser melhor 

A Verdade é a Tua Palavra

o meu cajado também

por amor a Ti

o mundo me persegue

eu prossigo nesse caminho

que me levará à Tua morada 

A minha estrada é o Caminho

Peço, humildemente

que tenha sentido

os prantos e sorrisos até aqui

que tenha sentido a senda

que neste momento de decisão

lanço os meus passos

e a minha vida

E lá no fim que não vejo

mas almejo

espero encontrar nesse Caminho

a Verdade

e a Vida.

Anônimo
Extraído de http://geocunha.blogspot.com