domingo, 8 de agosto de 2010

História do caminho de Santiago de Compostela



Santiago de Compostela
O Apóstolo Tiago “Maior” filho de Zebedeu e Salomé, pescador, irmão de João, o evangelista, foi um dos quatro primeiros discípulos de Jesus, um dos preferidos de Cristo, pertence ao grupo dos íntimos. A palavra latina para Santiago é Iacobus de onde vem a palavra Jacobeu (Iacobeu em Latim e Xacobeu em Galego) que é utilizada para definir algo referente ou pertencente ao apóstolo ou ao seu culto. 

Segundo a lenda católica, após a dispersão dos Apóstolos pelo mundo, Santiago foi pregar em regiões longínquas, passando algum tempo em Espanha, na Galiza. Sua ida à Espanha seria para cumprir o mandamento de Jesus: “vai e predica a todas as gentes, desde o princípio até o fim do mundo”. Coube a Santiago desta forma, com o seu caráter impetuoso e decidido chegar até “Finisterra”, local situado na Galícia e considerada “o fim do mundo”.
Gravura representando a translação
do corpoem uma carroça puxada por bois
selvagens que foram amansados  pelos
discípulos de Santiago, Tarcísio e Atanásio

Quando voltou à Palestina, no ano 44, foi preso e decapitado, a mando de Herodes Agrippa I, filho de Aristobulus e neto de Herodes o Grande. Dois de seus discípulos, Teodoro e Atanásio, roubaram o corpo do mestre e embarcaram-no (num barco com tripulação angélica) e em sete dias chegaram à Galiza e a Iria Flávia onde o sepultaram, secretamente, num bosque de nome Libredón.Não há certezas quanto à data da descoberta do sepulcro apostólico, mas a maioria das fontes católicas apontam datas entre 813 e 820. A lenda conta que um ermitão do bosque de Libredón, de nome Pelágio (ou Pelaio), observou durante algumas noites seguidas uma “chuva de estrelas” sobre um monte do bosque. Avisado das luzes, o bispo de Iria Flávia, Teodomiro, ordenou escavações e encontrou uma arca de mármore com os ossos do santo e dos seus discípulos.
Mas já muito antes da data apontada pela igreja para a descoberta da tumba do apóstolo, existia uma rota de peregrinação (romana e anteriormente celta), que ia do extremo Este ao Oeste de Espanha, até Finisterra. Este velho caminho de peregrinação, simbolizava a viagem do sol de Oriente para Ocidente, “afogando-se” no oceano para voltar a surgir no dia seguinte. O renascer do Sol estaria intimamente ligado com o renascer da vida; fala-se também de uma rota para o templo de Ara Solis em Finisterra, erigido para honrar o Sol. Hoje em dia, são muitos os peregrinos que chegando a Santiago resolvem continuar o Caminho até Finisterra o que põe em causa a definição da rota apenas como uma peregrinação religiosa católica.

No "Campus Stellae" – de onde se crê provir a palavra Compostela – foi erigida uma capela para proteger a tumba do apóstolo que se tornou um símbolo da resistência cristã aos ataques dos mouros. A partir do ano 1000 as peregrinações a Santiago popularizam-se, tornando-se a cidade num dos principais centros de peregrinação cristã (a par de Roma e Jerusalém); é também nesta altura que surgem os primeiros relatos de peregrinos que viajaram a Compostela.

Catedral de Santiago de Compostela
No século XII é publicado o primeiro guia do peregrino (do Caminho Francês) – o Códice Calixtino (ou Liber Sancti Jacobi) atribuído ao Papa Calixto II, que proclama ainda que quando o dia do Santo (25 de Julho) é num Domingo, esse é um Ano Santo Jacobeu (com especiais bênçãos e privilégios espirituais para os peregrinos). Grupos de peregrinos começam a chegar de toda a Europa, desenvolvendo as cidades por onde passam, sendo o Caminho Francês o mais utilizado.